2 de dezembro de 2005

Teimosia


Quando conheci o Pedro, uma das coisas que fiquei a saber foi que adorava andar de bicicleta. Pois eu não... Tinha começado a aprender quando era miúda,mas como me roubaram a bicicleta nunca mais quis continuar a aprender.
Alguns dos nossos amigos (fui adoptada) são uns verdadeiros bike lovers, a bicicleta é uma deusa e tratada como tal.
Ao fim de algum tempo, decidi dar a mão à palmatória e comprei uma bicicleta. a minha Scott Luna.
Não a escolhi por ter travões x, suspensões y, disso confesso, não percebo nada. Nem sei mudar um pneu, o único furo que tive até hoje fiquei sentada á espera que o Pedro fosse buscar o carro.

Escolhi-a porque a achei gira.

Aprendi a andar na garagem do nosso prédio, numa tarde! Mas só porque o Pedro me picou e disse que já que estava com tanto medo era melhor não ter gasto o dinheiro na bicicleta. Tocou no ponto fraco! Eu desistir, está louco!!! E assim foi. Ao fim da tarde já andava sozinha. Depois foi sempre a progredir!!!

Depois de umas quantas passeatas e umas dores no traseiro, resolvi comprar uns calções a condizer com a "Luna", sou muito vaidosa! Ainda não sei se são confortáveis pois não houve ainda oportunidade de os experimentar, mas não perdem pela demora.

Quanto ao capacete, foi uma luta, porque todos os que, por acaso, me serviam, o Pedro encontrava algum defeito. Até que ontem, numa tarde dedicada a compras, nos deparamos com um capacete tamanho S! Experimentei e sem dar hipótese a que o Pedro dissesse alguma coisa respondi logo " vai este, é perfeito!"

Agora só me faltam as luvas... para ficar uma verdadeira “pró”. Sim porque sou fantástica a dar umas voltas ao quarteirão...
Confesso que a princípio valia o esforço pelo sorriso do Pedro quando me via sentada na bicicleta, agora vale pena sensação agradável.

1 de dezembro de 2005

Parabéns... a ti

Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
Noutro canto da cidade
Como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
carinha do cursinho do Eduardo que disse
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
- Eu não tou legal, não agüento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
- É quase duas, eu vou me ferrar

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola, cinema, clube, televisão"

E, mesmo com tudo diferente
Veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz

Construíram uma casa uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação

E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

"Eduardo e Mônica" - Legião Urbana